top of page

Miomatose Uterina

Leiomiomas uterinos, popularmente conhecidos como miomas, são tumores benignos que se originam na parede muscular do útero (miométrio) a partir de células do músculo liso, durante a fase reprodutiva. Constituem a neoplasia uterina mais comum, acometendo cerca de 25% das mulheres em idade reprodutiva e provocando sintomas como menorragia (menstruação anormalmente intensa e prolongada), disfunção urinária, constipação, desconforto abdominal e infertilidade. Podem ser únicos, mas são mais frequentemente múltiplos, e causam morbidade considerável e queda na qualidade de vida.

 

De acordo com dados da literatura, 40% a 60% das histerectomias realizadas são devido à presença de miomas - sendo a indicação mais comum para histerectomia nos Estados Unidos e na Austrália. Ainda de causa desconhecida, estudos recentes sugerem que a miomatose uterina pode estar relacionada a polimorfismos do DNA (diferenças na sequência de bases do DNA, sem consequências patológicas diretas), os quais influenciam o risco de desenvolvimento de miomas.

 

Durante seu crescimento, leiomiomas uterinos comprimem tecidos circunjacentes (miométrio e tecido conjuntivo), ocasionando a formação progressiva de uma espécie de pseudocápsula rica em fibras colágenas e vasos sanguíneos, que ancoram o mioma ao miométrio. A pseudocápsula provoca um deslocamento no miométrio; porém tal deslocamento não é destrutivo, e a integridade e a contractilidade uterinas são mantidas.

 

Os miomas podem ser classificados, de acordo com sua localização no útero, em:

  • Mioma intramural - presente no interior do miométrio, capaz de distorcer a cavidade uterina ou de ocasionar um contorno irregular da mesma

  • Mioma submucoso - situado abaixo da mucosa uterina

  • Mioma pediculado - preso ao corpo do útero através de um pedículo (ponte), e com uma base ampla

  • Mioma subseroso - situado abaixo da serosa uterina

Pediculado

Fatores de Risco

 

Mulheres por volta dos 40 anos de idade são mais propensas a serem diagnosticadas com miomatose. O risco de desenvolvimento de miomas aumenta 2,5 vezes se há parentes de 1º grau afetadas, tornando-as propensas a apresentarem mais que o dobro da chance de expressão do gene VEGF-α (um fator de crescimento relacionado a miomas). Mulheres Afro-Americanas apresentam risco 2,9 vezes maior para desenvolvimento de miomas que Caucasianas. Além disso, estudos sugerem que os riscos aumentam 21% com o aumento de 10 Kg no peso corporal quando comparado a um aumento do mesmo valor no índice de massa corpórea (IMC).

Outros fatores incluem o aumento da ingestão de carne vermelha e presunto, hormônios sexuais, uso de contraceptivos orais, obesidade, estilo de vida (alimentação, tabagismo, cafeína, consumo de álcool, atividade física e estresse), impactos ambientais, hipertensão e infecções.

 

Diagnóstico

 

Exames de ultrassonografia (transvaginal ou transabdominal) são comumente utilizados na detecção de miomas. Entretanto, o método mais sensível para o diagnóstico da miomatose uterina é a ressonância magnética.

 

Citogenética

 

Algumas anormalidades genéticas, juntamente com desequilíbrios hormonais, podem estar associadas à miomatose. Aproximadamente 40% dos miomas uterinos possuem anomalias não-aleatórias e tumor-específicas que incluem deleção do 7q, trissomia do 12 e rearranjos como 12q15, 6p21 e 10q22. Outras alterações também incluem rearranjo dos cromossomos X, 1, 3 e 13, juntamente com mutações na família do gene HMGA e RAD51L1.

 

A detecção precoce, aliada a um tratamento avançado, pode ser a melhor opção para a redução da prevalência de leiomiomas uterinos e, consequentemente, desenvolvimento de cânceres associados. Pesquisas futuras sobre fatores de risco modificáveis também podem auxiliar na prevenção da miomatose e proporcionar novas abordagens para o tratamento não-cirúrgico.

 

 

Referências

 

SIVASAMY et al. (2016). Insights of uterine leiomyoma: a review. International Journal of MediPharm Research, v. 02, n. 01, p. 6-9.

 

SPARIC et al. (2016). Epidemiology of uterine myomas: a review. International Journal of Fertility and Sterility, v. 09, n. 04, p. 424-435.

bottom of page